quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

"Antes de Abraão eu sou" não fala que Jesus é Deus

Por Antonio Ahmed

Jesus nunca se declarou Deus e na bíblia não há referência direta a isso. Então os cristãos estão sempre buscando uma parábola oculta, um enigma, uma referência cruzada que dê base a essa doutrina. Exporemos hoje mais um versículo coringa da divinização de Jesus.

1º Parte. 
"Respondeu Jesus: "Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou! " João 8:58
Depois desse versículo os judeus pegaram em pedras para jogar em Jesus.
O primeiro ponto que abordaremos é um argumento cristão que diz que quando Jesus falou "Eu sou" os judeus ficaram furiosos, isso porque os judeus entenderam na hora que Jesus tinha se dito Deus. Será? Cristãos dizem que ele disse "eu sou" como uma referência a esse outro versículo:
"Disse Deus a Moisés: "Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês" 
Êxodo 3:14
Aí Deus estaria dizendo que é subsistente, independente. Como também vemos em:
"Deus! Não há mais divindade além d’Ele, o Vivente, o Subsistente." Alcorão Sagrado 3.2
A primeira coisa a se saber é que Jesus falou "eu sou" (Ego Eimi - escrito da mesma forma em grego) 5 vezes nesse mesmo capítulo e os judeus não explodiram como nessa ultima vez no versículo 58. 
Então porque eles se irritaram? Se irritaram por causa de uma discussão longa e desgastante, tudo isso dentro do templo.

Lista de eventos que irritaram os judeus nesse capítulo:
1 – Os judeus acusaram Jesus de estar testificando de si mesmo e assim o acusaram de não ser um profeta verdadeiro. Versículo 13
2 – Jesus então disse que Deus testificava dele também e ENTRANDO NO TEMPLO acusou os anciões de não conhecerem a Deus e isso foi tão grave que no versículo seguinte o escritor diz que, já aí, poderiam ter prendido Jesus. 
Vejam:
“Estas palavras disse Jesus no lugar do tesouro, ensinando no templo, e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora.” João 8:20 
(do que estamos falando? Mostrarei que Jesus não se disse Deus e que a irritação dos judeus não foi causada apenas por uma frase, mas por uma sucessão de supostas afrontas)
3 – Jesus, dentro do templo (lugar mais sagrado dos judeus) continuou “provocando” os anciões insinuando que eles iriam para o inferno. Versículo 21
4 – Então Jesus se revela como profeta enviado de Deus. E diz EU SOU, e se não acreditassem que “ele é”, morreriam em pecado. Mas se não acreditassem que ele era o que?
“E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.” João 8:23-24
Se não credes no que? Que Jesus É VINDO LÁ DE CIMA. Ou seja, se não acreditassem que Jesus era um profeta verdadeiro vindo de Deus, então permaneceriam em pecado. Isso ficará mais claro a diante. 
Então os judeus já estavam mais que irritados com um homem os acusando, provocando e se declarando profeta. Tudo isso dentro do templo. 
Jesus disse EU SOU, então os judeus perguntaram:
“Disseram-lhe, pois: Quem és tu?”
Então uma boa chance para Jesus dizer como Deus disse “EU SOU O QUE SOU”. Mas não é isso que Jesus disse:

“Jesus lhes disse: Isso mesmo que já desde o princípio vos disse.” 
O que Jesus disse? Disse simplesmente que Não era deste mundo (como todo crente não deve o ser) e que veio lá de cima. Ou seja, Jesus estava se dizendo profeta, um homem, que apenas ouvia o que Deus falava e nos transmitia. Duvida? O versículo seguinte diz:
“Muito tenho que dizer e julgar de vós, mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo.” João 8:26
Ou seja, Jesus se disse profeta, mero canal de comunicação de Deus com o mundo.
(do que estamos falando? Estou mostrando que Jesus não se disse Deus e que a irritação dos judeus não foi causada apenas por uma frase, mas por uma sucessão de supostas afrontas)
6 – Jesus “provocou” de novo disse que ainda tinha muito pra falar mal dos sacerdote. E disse que o verdadeiro Deus é que lhe falava tudo que deveria falar. 
Mas qual foi o grande problema, o que causou o atrito? 
“Mas não entenderam que ele lhes falava do Pai.” João 8:27
ELES NÃO ENTENDERAM!!!! Esse foi o grande problema. Então Jesus fala EU SOU pela terceira vez, para “dizer eu sou Deus”? NÃO, muito pelo contrario, pra dizer "eu sou um nada perto de Deus". Vejam:
“Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo como meu Pai me ensinou.” João 8:28
Outra vez “eu sou”. Disse “eu sou” outra vez para dizer justamente que era um canal entre Deus e os homens e que era totalmente dependente do que Deus falava pra sequer saber o que devia falar. E diz:
“E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.” João 8:29
Deus é Deus. Deus enviou Jesus e falava o que Jesus deveria falar e dizia como Jesus deveria agir e Jesus obedecia. Jesus disse “faço sempre o que lhe agrada”. Será que ele era Deus e estava dizendo ai “eu faço sempre o que eu quero”? Claro que não, Deus é único e invisível e Jesus era um servo fiel totalmente dependente de Deus.

Jesus se diz totalmente dependente de Deus e totalmente impotente sem ele. E foi aí que muitos, vendo isso, creram. Quando Jesus se humilhou diante Do que todos temos que nos humilhar, O Único Deus verdadeiro. Aí então muitos viram que ele era o verdadeiro:
“Dizendo ele estas coisas, muitos creram nele.” João 8:30
Daí continua uma certa contenda. Jesus diz que ensina a mesma doutrina que ensinaram os profetas antigos e tendo o Pai (Deus o ÚNIDO) guiado todos os profetas então a mesma religião que Abraão ensinou é a religião que Jesus ensinou.
“Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fósseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.” João 8:39
Nesse ponto os judeus já estavam mais que putos da vida. Já aí queriam matar Jesus. Então ele diz mais uma vez quem ele é.
“Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto.” João 8:40
Jesus se diz HOMEM, e mero canal por onde Deus se comunica. Outra vez Jesus se diz profeta enviado de Deus e HOMEM.
(Atenção: alguns tradutores bíblicos simplesmente tiram a palavra homem, que consta no "original" em grego Antropos desse versículo)
A discussão fica mais quente, e o humor dos judeus já está esgotado faz algum tempo e insultam de volta:
“Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus” João 8:41
Então Jesus chama mais uma vez o povo pra segui-lo e diz mais uma vez que NÃO É DEUS (tantas vezes em um só capítulo han)
“Replicou-lhes Jesus: Se Deus fosse, de fato, vosso pai, certamente, me havíeis de amar; porque eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou” João 8:42
Se Jesus é Deus e Deus enviou Jesus então Jesus se enviou? Ta ai a resposta. Jesus não se enviou e veio de Deus e NÃO veio de si mesmo, ele veio de Deus e não veio de si mesmo.
Deus é Único e Jesus é Seu mensageiro. Se Jesus fosse Deus ele teria vindo de si mesmo, mas ele diz “pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou”
Percebam que todas essas afirmações de que é enviado de Deus; mero canal por onde Deus se comunica; impotente e dependente de Deus; homem... estão num mesmo capítulo. Esse mesmo capítulo que os cristãos dizem que em um único versículo Jesus se diz Deus e que por causa de um único versículo os judeus se irritaram. Já vimos que a confusão estava feia, dentro do templo, com acusações mútuas e insultos gravíssimos e que desde o começo do capítulo diz que já poderiam ter o prendido e que pouco depois Jesus teria dito "procuram me matar", isso antes do versículo clímax.
Depois disso a coisa pega fogo porque Jesus, estando dentro do templo dos judeus, diz que eles não são filhos de Abraão, mas filhos do diabo:
“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” João 8:44
Então os judeus atacam de volta e dizem que é Jesus que tem demônios e Jesus se defende:
“Jesus respondeu: Eu não tenho demônio, antes honro a meu Pai, e vós me desonrais. Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue.” João 8:49-50

E Jesus diz mais uma vez que não é Deus:
Se Jesus não busca a própria glória, então busca para quem a glória. Para Deus. Então mais uma vez ele diz que não é Deus.
A conversa tava quente ou não tava? Jesus disse que não buscava glórias para si e que glorificava a Deus e acusou os judeus de, sim, buscarem glória para si.
“Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, o qual dizeis que é vosso Deus.” João 8:54
A lógica é a mesmo do “se enviar a si mesmo”. É assim, se Jesus não pode se glorificar e Deus pode glorificar Jesus, logo Jesus não é Deus.
(do que estamos falando? Estou mostrando que Jesus não se disse Deus e que a irritação dos judeus não foi causada apenas por uma frase, mas por uma sucessão de supostas afrontas. E mostrando que múltiplas e contínuas vezes Jesus negou ser Deus)
Então Jesus acusa outra vez os judeus de não conhecerem a Deus. No final depois de tudo que foi dito e depois de todo esse bate boca cheio de acusações e com ameaça de morte e com um dizendo que o outro tinha demônios então Jesus disse que Abraão estava feliz pelo dia de Jesus (todos os profetas tiveram seus dias, aqueles eram os dias do profeta Jesus)

Então eles pensando “Como Abraão tem conhecimento dele (Jesus) se Abraão está morto a tanto tempo e Jesus nasceu a pouco mais de 20 anos” e perguntam como, ele sendo tão novo, viu Abraão?
“Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão fosse, eu sou.” João 8:58
Não é Jesus viu Abraão, é Abraão soube de Jesus. Vejam:

"Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se." João 8:56
Abraão, quis ver os dias de Jesus e agora estava alegre, pois estava vendo.
"E não creiais que aqueles que sucumbiram pela causa de Deus estejam mortos; ao contrário, vivem, agraciados, ao lado do seu Senhor. Estão jubilosos por tudo quanto Deus lhes concedeu da Sua graça, e se regozijam por aqueles que ainda não sucumbiram, porque estes não serão presas do temor, nem se atribularão." Alcorão Sagrado 3.170

Depois de tudo que foi dito e de os judeus já estarem irritados há muito tempo então Jesus diz "antes que Abraão fosse, eu sou". 
Os judeus se armaram com pedras para jogar em Jesus, mas ele saiu do templo. E acaba o capítulo.
2º - Parte.
Chegamos na questão, não é? Alguns dizem que os judeus estavam bonzinhos até essa ultima frase de Jesus, o que já mostramos que não é verdade. Houve uma sucessão de insultos, acusações e provocações e desde os primeiros versículos é dito que já havia interesse em matá-lo e o próprio Jesus diz que os judeus queriam o matar antes do versículo em questão (João 8:58) . E dizem que os judeus se enfureceram por que Jesus teria dito que era Deus . Mas ao longo do capítulo ele desmente isso em vários versículos. 
Dizem que Jesus disse “eu sou” que nem Deus disse “eu sou”: aqui:
“Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.” Êxodo 3:14
O “eu sou” que Jesus fala aí é diferente do “Eu Sou” dito por Deus no antigo testamente. Os tradutores que traduziram a bíblia para o grego (esses que os cristãos tanto exaltam a credibilidade) sabiam tanto dessa diferença que escreveram diferente as duas afirmações. O “Eu Sou” que Deus fala é “ho on” expressão em grego presente na septuaginta (velho testamento em grego) e o “eu sou” de Jesus é “egos eimi” que é um “eu sou” simples usado por qualquer um, tanto que em Atos 26:29 Paulo fala “eu sou” se referindo a si mesmo. Judas também fala Egos Eime quando Jesus diz que teria um traidor entre eles e Judas fala "mestre, por acaso eu sou?"

3º Parte. 
E o ponto mais importante nessa balela de "Eu sou" significa que Jesus é Deus. Saibam que quando foram traduzir o velho testamento para o grego os tradutores traduziram o "Eu sou" dito por Deus, diferente do "Eu sou" dito por Jesus.
"eipen autois tsb=o iêsous amên amên legô umin prin abraam genesthai egô eimi”. João 8:58
O eu sou dito por Jesus "Ego Eimi" mas quando traduziram Êxodo 3:14 traduziram "eu sou" como "O on"
Esse "O On" é dito em referência a Deus em Êxodo 3:14
Em Atos 26:29 Paulo fala o mesmo "eu sou" que Jesus falou. Em Mateus 26:25 também outra pessoa diz o mesmo "eu sou", so que é Judas.
"apokritheis de ioudas o paradidous auton eipen mêti egô eimi rabbi legei autô su eipa" Mateus 26:25

"Ego Eimi" é o termo "eu sou" simples, que qualquer pessoa pode usar. É um simples "eu sou". 
Quando Deus falou "Eu sou":
"Disse Deus a Moisés: "Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês". Êxodo 3:14
Tem dois "eu sou" aí. O eu sou simples que o que todo mundo usa e o Eu sou que só pertence a Deus.
Tradução da septuaginta: 
"Disse Deus a Moisés: "Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês" Êxodo 3:14
(kai eipen o theos pros mōusēn egō eimi o ōn kai eipen outōs ereis tois uiois israēl o ōn apestanken me pros umas) 
"O On" é o Eu sou referente Só a Deus.

Portanto os tradutores (que os cristãos tanto exaltam a credibilidade) que traduziram a septuaginta (velho testamento em grego) não viam referência entre o "eu sou" dito por Jesus e o "eu sou" dito por Deus em Êxodo 3:14
4º Parte

Mas, afinal, o que Jesus quis dizer. Ele quis dizer nesse versículo o que disse o capítulo todo. Que era verdadeiro profeta de Deus, que era homem canal de comunicação usado por Deus, obediente a Deus que não buscava glórias para si. Jesus disse que era antes de Abraão, era predestinado a vir desde antes da criação do mundo. Era o Messias anunciado e predestinado a vir desde sempre, portanto antes de Abraão e antes até de haver mundo. 
Ele estava dizendo que era o Messias que havia de vir e estava nos planos de Deus antes mesmo de ele (Jesus) existir de fato.
"Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo". João 17:24
Amou Jesus antes da fundação do mundo. Jesus então existia antes da fundação do mundo? Aos efésios foi dito:
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor;" Efésios 1:3-4
Elegeu os efésios antes da fundação do mundo. Eles então existiam antes da fundação do mundo? Paulo, apesar de ter inventado sua própria versão do cristianismo não entendia o "antes da fundação do mundo" como atestado da divinização de Jesus, pois ele atribuiu também aos efésios uma relação com Deus antes da fundação do mundo.
Então aí não fala de preexistência de Jesus ou que Jesus existia antes da fundação do mundo, fala de presciência de Deus, que amou um e elegeu outros mesmo antes destes existirem. 

Conclusão: Os judeus se irritaram com uma sucessão de acusações e provocações dentro do templo. E que acusaram Jesus maliciosamente, o acusando de blasfêmia, mas Jesus se defende se dizendo homem, profeta, mensageiro de Deus que apenas dizia o que ouvia de Deus. Vimos que Jesus disse "eu sou" várias vezes para dizer "eu não sou Deus" e vimos que a relação entre o "Eu sou" dito por Jesus e o "Eu sou" dito por Deus é uma invenção moderna e uma relação que os tradutores da septuaginta não viam.  
Deus sabe mais.

 Fonte: http://por-que-deixei-o-cristianismo.blogspot.com.br/

FILIPENSES 2, NÃO FALA QUE JESUS É DEUS

Em Nome de Deus, o Misericordioso, o Misericordiador

Em Nome de Deus, o Misericordioso, o Misericordiador
Por Antonio Ahmed




Os Versículos Coringa da divinização de Jesus (2ª Parte - Filipenses 2) Continuando a série onde pretendemos analisar os versículos chave onde se baseia o dogma da divindade de Jesus segundo o cristianismo.

Para este, é preciso uma breve introdução a respeito da palavra "deus" na bíblia, "elohim" em hebraico e "theos" em grego. Essas palavras, na bíblia, são usadas para se referir ao Único Deus criador do universo, mas também são usadas para se referir a outras pessoas. Pois essas palavras são sinônimos de autoridade divina (profetas, mensageiros), também autoridades humanas (juízes), ídolos pagãos egípcios e também foi usada para se referir ao satanás, quando diz:

"O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus." 2 Coríntios 4:4

Moisés foi chamado de deus (elohim) em Êxodo 7:1, Abraão foi chamado de deus (elohim) em Gêneses 23:6, e o próprio Jesus teria dado uma definição dessa palavra quando é atribuída a homens e não ao Deus Único, quando diz:

"Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida, Àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo..." João 10:34-36

Portanto Deus chamou deuses aqueles a quem enviou ao mundo dirigiu sua palavra e santificou, ou seja, os profetas. Esse absurdo nasce do fato de, na bíblia, é usada a mesma palavra para se referir a profetas, juízes, ídolos pagãos, satanás e ao Único Deus. Enfim...


Filipenses 2 não diz que Jesus é Deus


Os versículos coringa, muitas vezes usados para dizer que Jesus é Deus, segundo a bíblia, são esses abaixo:
"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;" Filipenses 2:5-7
A doutrina cristã ensina que Jesus que "a forma de Deus", significa "essencialmente Deus". Tanto que algumas traduções canastronas traduzem como "sendo Deus".
Vamos entender o contexto. Do que fala aí? De um exemplo que Jesus teria nos dado. Que exemplo é esse?
Vamos ver primeiro o que está escrito, primeiro caracteres gregos, depois transliteração, depois tradução:
ος εν μορφη θεου υπαρχων = hos em morphes theos huparko = que a forma de Deus sendo
ουχ αρπαγμον ηγησατο = o’ou harpagmos hegeomai = nunca usurpou considera(-se)
το ειναι ισα θεω = ho einai isos Theos = ser igual a Deus
"Que sendo a forma de Deus, nunca usurpou considerar ser igual a Deus."
Veja que Jesus nunca quis por usurpação (ROUBO) ser igual a Deus. É dito aí que se Jesus quisesse ser igual a Deus seria uma usurpação (ROUBO, apropriação indevida).
Não dá pra fingir que a palavra Roubo não está lá:
http://bbe.biblebrowser.com/philippians/2-6.htm
E esse é o exemplo, que mesmo estando "em forma de Deus" não quis usurpar ser igual a Deus.
Mas o que é "Ser em forma de Deus" quando sabemos que Deus não tem forma?
"Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém." 1 Timóteo 1:1
A palavra em grego é morphe, que significa forma, aparência, comportamento. E não se trata nunca de essência ou substância, portanto é sempre algo externo aparente.
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Em Marcos 16:12 Jesus não é reconhecido pois “se apresenta em outra forma”: ephanerôthê en etera morphe.
“Depois disto, manifestou-se em outra forma a dois deles que estavam de caminho para o campo”
Será que Jesus mudou sua essência? Não, ele se vestiu e se comportou de forma diferente, então não foi reconhecido. Evidenciando que Morph não tem nada a ver com sua essência.
Morphe pode ser também, exemplo, modelo.
Por exemplo: dizer “A forma do pai” é dizer “segue o exemplo do pai”
A prova definitiva de que Morphe (forma) não diz nada da essência da pessoa é esse texto. Leiam atentamente:
“traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões,” 2 timoteo 3:4,5,6
Aí descreve uma pessoa inescrupulosa que se comporta como sendo um dos piedosos “tendo forma de piedade”. A essência dele era má, mas ele tinha “forma de piedade” ou seja, um comportamento de piedoso.
Ou seja, tudo de ruim na essência, porém tendo forma de piedade. Forma é so o que se pode ver Aparência e comportamento. Então Jesus era a forma de Deus em aparência e comportamento.
“tendo forma de piedade” ele era piedoso? Não!
“sendo em forma de Deus” ele era Deus? Não!
Estando claro que "a forma de Deus" não quer dizer "ser Deus", já sabemos o que não é, e que a alegação cristã é falsa. Já seria suficiente e não deveria ser preocupação nossa, como muçulmanos, investigar o que é. Mas vamos lá, o que é ser "a forma de Deus"?
Ser a forma de Deus é ser o exemplo de Deus para os outros, é mostrar o que de Deus pode ser visto por nós. Os milagres, os sinais. Tal qual foi Moisés para o faraó.
"Então disse o SENHOR a Moisés: Eis que te tenho posto como Deus a Faraó, e Arão, teu irmão, será o teu profeta." Êxodo 7:1
Moisés posto como Deus? Sim, ele seria o que de Deus pode ser visto, os milagres, os sinais.
Se você teve paciência de ler até aqui, parabéns. Em agradecimento farei uma conclusão elucidativa, contextualizando a passagem que estamos analisando.
"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;" Filipenses 2:5-7

Sigam sempre o exemplo de Jesus, que mesmo sendo o sinal visível do poder de Deus, nunca quis roubar a glória que é devida só ao Deus Único. Pelo contrário, ele foi humilde e servo de Deus.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

OCIDENTE X ISLAM: LIÇÕES DO PASSADO PARA O FUTURO

Ocidente x Islã: Lições do passado para o futuro

 
O conflito entre o mundo ocidental e o mundo muçulmano, acentuado desde o começo do século XX, ganhou contornos que escapam à compreensão comum. Enquanto uns recusam-se a entender o rechaço das massas islâmicas às interlocuções com o Ocidente, outros atribuem isso à ausência de liberdade e de democracia no seio destas sociedades, tidas como primitivas.
A universalidade do mundo mulçumano é extensa, abarcando distintos grupos civilizacionais e culturais. As fronteiras do Islã estendem-se do extremo Oriente ao extremo Ocidente. Os indivíduos que professam a fé muçulmana são estimados em aproximadamente dois bilhões de pessoas - cerca de 25% da população mundial, distribuídos por todos os continentes.
A civilização muçulmana chegou a Europa no século VII e por lá permaneceu até a Inquisição, no fim do século XV. Seus maiores legados consistem no progresso do sistema econômico-comercial europeu, no desenvolvimento de ciências como medicina, a astrologia, a física, a química e a matemática, além de contribuições significativas no campo das artes e da literatura. Esse período representa o apogeu da integração e do intercâmbio de conhecimento entre o mundo ocidental e o mundo islâmico, o que levou a humanidade a um patamar superior de progresso. 
Na era contemporânea, o declínio do diálogo entre o Ocidente e o mundo muçulmano pode ser descrito à luz de três axiomas temporais importantes: o colonialismo europeu no mundo árabe e islâmico entre o século XIX e meados do XX; o inarredável alinhamento euro-americano ao Estado de Israel no conflito com os Palestinos após 1947; a guerra dos falcões americanos contra o Iraque neste início de século XXI.
Para a sociedade árabe e islâmica, o colonialismo franco-britânico não apenas buscava a exploração das riquezas desses países, mas também descaracterizar seus pilares culturais, seus costumes e sua organização social. Na psique islâmica, as potências ocidentais não compreenderam a universalidade da sociedade muçulmana e ignoraram a sua dinâmica na medida em que, pela força, buscaram impor modelos de governança política incompatíveis com a suas tradições político-sociais.
A consolidação dos Estados Unidos como potência hegemônica após o fim da II Guerra Mundial levou a um novo ordenamento geopolítico no Oriente Médio. Esse novo modelo de neocolonialismo estava calcado no controle das matrizes energéticas dos países árabes a partir da instauração de regimes totalitários subservientes - o que alterou sobremaneira a dinâmica do dialogo entre o ocidente e a civilização islâmica.
Mas foi a eclosão do conflito árabe-israelense, em 1947, que potencializou o surgimento do islamismo radical. A conivência dos governos americanos e europeus com sistemática violação aos direitos do povo palestino, conjugada à inoperância diplomática para solucionar o contencioso, fomentou a criação de guerrilhas fundamentalistas e de movimentos extremistas antiocidentais.
Mais recentemente, o repúdio ao Ocidente foi agravado pela invasão anglo-americana ao Iraque. Era indisfarçável o interesse na tomada do petróleo iraquiano na guerra injustificada de Bush e Blair. Para a sociedade islâmica, o ataque representou uma ameaça direta à autodeterminação dos povos mulçumanos, o que também confirmou sua absoluta descrença nas instituições internacionais.
O plano de um novo Oriente Médio traçado pela “doutrina Bush” é uma radicalização da estratégia elaborada por Henry Kissinger, ainda nos anos 1970, cujo alicerce baseia-se em três pontos cardeais: o petróleo, a segurança do Estado de Israel e a contenção do islamismo.
E foi pelo fomento ao sectarismo no mundo árabe e muçulmano que se procurou impedir a expansão do Islã. Embates internos mantém a tensão social elevada e inviabilizam a construção de objetivos comuns, o que perpetua a dependência das comunidades étnico-religiosas do Ocidente. Um mundo árabe coeso e um islamismo unificado seria a antítese do que os EUA, a Europa e Israel desejam. Foi assim no Líbano, durante a guerra civil; no Iraque, na última década; na intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Líbia e, agora, na Síria.
O dialogo pacífico entre o Ocidente e o mundo islâmico está centrado nas mãos das potências ocidentais. A resolução da questão Palestina é a chave para se pavimentar a coexistência harmoniosa entre os dois mundos.
De sua parte, as massas do mundo árabe e muçulmano que impulsionaram o levante denominado de Primavera Árabe parecem ter compreendido que os desafios mais prementes de seu ordenamento social consistem na construção de numa sociedade pluralista, tolerante e justa socialmente – uma contraposição às ditaduras totalitárias historicamente apoiadas pelas potências ocidentais. Democracia e islamismo político não são excludentes, como demonstra o eficiente modelo político da Turquia.
Apesar de suas diferenças culturais, o Ocidente e o Islã são bem mais complementares do que excludentes - assim foi no passado e assim poderá ser no futuro.

HUSSEIN ALI KALOUT,
É CIENTISTA POLÍTICO, ESPECIALISTA EM ORIENTE MÉDIO PELA UNIVERSIDADE ÁRABE DE BEIRUTE, PROFESSOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DIRETOR DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO BRASIL
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